quarta-feira, 8 de junho de 2016

Carl Djerassi cientista, 2 semana do projecto Inline blog1

28 abril 2015


Carl Djerassi. O homem que mudou a maneira de viver das mulheres Fonte

 O "pai" da pílula tinha uma enorme paixão pela pintura de Paul Klee e doou parte da sua coleçãoao Museu de Arte Moderna de São Francisco. Como químico, mudou a vida de muita gente, em especial a das mulheres, com a "invenção" da pílula.



Texto de: Manuela 

Goucha Soares |


Nasceu em Viena [Áustria] em 1923, filho de um dermatologista e de uma dentista,
mas passou os primeiros anos da infância na capital da Bulgária, terra do seu pai. 
Os pais divorciaram-se em 1929, mas o nazismo obrigou-os a recasarem-se nove
anos mais tarde. Não que Hitler tenha exigido o matrimônio dos dois médicos judeus, 
mas foi a única solução encontrada pelo pai de Carl  para que este e a mãe pudessem 
chegar à  América com um passaporte búlgaro [a Áustria recusou-se a conceder a
cidadania à criança].

Este artífício legal permitiu que mãe e filho aportassem em Nova Iorque no final de 
1939. Sem dinheiro no bolso, a vida não foi fácil nos primeiros anos. Inteligente e determinado a prosseguir os estudos, Carl tentou a sorte e apelou ao coração da 
primeira-dama dos EUA Eleanor Roosevelt. O jornal britânico "The Telegraph" conta 
que o jovem lhe escreveu pouco depois de chegar à América, para lhe dar conta da dificuldades que ele e a sua mãe estavam a viver.

Eleanor deixou-se tocar pela carta e passou o assunto ao Instituto Internacional de
Educação. Carl obteve uma bolsa e licenciou-se em Química no Kenyon College, no
estado do Ohio. Bom aluno, prosseguiu os estudos na Universidade do Wisconsin, e 
em 1945, no fim da Guerra, obteve a cidadania americana. 

Da importância dos anti-histamínicos à revolução da pílula
Carl Djerassi casou-se três vezes e divorciou-se duas. A terceira mulher morreu 
em 2007. Além dos anos dos casamentos, das datas de nascimento dos dois filhos e 
do suícidio da filha, há outras datas a reter na vida do investigador químico 
Carl Djerassi.

Em 1949, dez anos depois de ter chegado aos EUA na companhia da mãe, estava
a dirigir um centro de pesquisa na cidade do México, onde desenvolveu estudos 
sobre os efeitos da cortisona e o sua utilização na hipotética regulação do ciclo 
menstrual e no tratamento do cancro.

Dois anos mais tarde, a 15 de outubro de 1951, Djerassi e dois outros investigadores 
que trabalhavam com ele no centro de investigação da cidade do México sintetizaram,
por mero acaso, uma hormona feminina a partir de um tubérculo local. Andavam à 
procura de uma fórmula para fabricar medicamentos que prevenissem as dores
menstruais e resolvessem os problemas de infertilidade... e descobriram a pílula, um contraceptivo oral que mudou a vida das mulheres libertando-as do peso de uma 
gravidez indesejada. A molécula isolada pela equipa de Carl Djerassi só seria 
comercializada nove anos mais tarde.

No ano seguinte, em 1952, tornou-se professor de química na Universidade de 
Wayne, em Detroit. Em 1959, começou a dar aulas em Stanford, na Califórnia, 
e comprou uma propriedade onde construiu uma casa para a sua coleção de arte: 
Paul Klee era o pintor preferido.

Em 1968, fundou a Zoecon, uma empresa que estudava as hormonas dos insetos 
para criar pesticidas não tóxicos. E em 1979, depois da morte da filha, transformou 
a casa onde guardava a sua coleção de arte numa residência artística onde acolhia
escritores, dramaturgos, coreógrafos, músicos e artistas plásticos.

Esteve em Portugal em outubro de 2011, altura em que a Universidade do Porto 
distinguiu o químico Carl com o título Doutor Honoris Causa. Algum tempo antes, 
o grupo de teatro Seiva Trupe levou à cena a peça "Oxigênio" do Carl dramaturgo.

Definia-se como um "polígamo intelectual", como escreve o jornal britânico
"The Telegraph", porque repartia a sua criatividade pelo romance, poesia, mecenato,
sem nunca esquecer a investigação e divulgação científica.  Morreu em São Francisco
aos 91 anos, no fim de semana.

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